segunda-feira, 21 de maio de 2007

Primeiro a educação, depois a inclusão




Nos últimos anos, a questão da inclusão digital vem sendo abordada no Brasil como uma prioridade. Por inclusão digital entende-se tornar possível para pessoas de baixa renda o acesso às tecnologias de informação e comunicação. Em um país no qual encontram-se 16 de milhões de analfabetos, seria a inclusão digital uma necessidade?

A inclusão digital visa mais oportunidades de negócios e trabalho, maior chance de aprimorar educação e maior troca de informações. Usando aqui uma visão simplista, tal inclusão digital - e, portanto, social - acontece por meio da implantação de telecentros, locais públicos com computadores e acesso gratuito à Internet banda larga .A diferença entre os telecentros e as lan houses é que, na última, apenas uma parcela da população tem acesso (pago) à Internet. Pode-se dizer, até mesmo, que telecentros cumprem uma função social, uma vez que "valorizam a promoção da democracia e cidadania", cita uma matéria no site do Governo Federal.
Imagine que, de fato, a inclusão digital aconteça. Telecentros, maiores chances de encontrar um emprego, pessoas com acesso à Internet grátis e etc. "Maravilha!", pensariam algumas pessoas. Na teoria, sim.
Não adianta ter acesso à tecnologia sem haver acesso à educação. A inclusão digital auxilia, de fato, a inclusão social, porque várias pessoas não têm condições de comprar um computador ou dispor de uma linha telefônica - imagine, então, pagar por uma conexão. Porém, para haver inclusão digital/social, renda e educação são itens fundamentais. Deve-se considerar que neste projeto incluem-se indivíduos que sequer adaptam-se a realidade atual - com limitações físicas e sociais, como baixa renda e escolaridade. Ademais, muitos brasileiros haveriam de se adequar a esta nova "demanda social". E isso acarreta na dificuldade de interação com a tecnologia e menor oportunidade de geração de renda.
Apenas 14% das residências brasileiras têm acesso à Internet e quase 50% destes acessos são feitos por conexão discada. Em países como Estados Unidos e Japão, mais de 60% da população acessa a Internet. Nota-se, entretanto, que Japão e EUA são países desenvolvidos, cuja população tem qualidade de educação.
O Brasil, como país em desenvolvimento, encontra-se perdido em meio a tanta tecnologia e capitalismo. Penso cá com minhas idéias que isso é visível em ocasiões diárias, afinal, quem nunca viu uma barraca de produtos piratas? Indivíduos que não podem comprar um cd, dvd, ou até mesmo um tênis de marca estrangeira compram produtos falsificados em tais locais (e existem muitos por aí), porque, de tal forma, eles farão parte da sociedade. São brasileiros fazendo sua própria inclusão social.
O Governo Federal e seus representantes trabalham para melhorar as condições sociais de um país, possibilitando à população chances reais de educação, cultura, emprego e lazer, direitos de todo o cidadão. Recentes pesquisas do Ministério da Educação apontam 33 milhões de brasileiros analfabetos funcionais, que representam mais de 17% da população. Talvez, antes de se pensar em inclusão digital, os governantes devessem pensar em inclusão social - só a partir daí que se cogita outros objetivos.

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